segunda-feira, 28 de abril de 2008

Depois de uma semana com dois feriados, imposto de renda para fazer, e assuntos a discutir com meu advogado na cidade, fiquei um pouco atrasada em meus escritos. Em compensação, entrei para mais um grupo literário. Bem, este vai se reunir somente uma vez por mês. Se não, seria difícil dar conta. Além deste blog, escrevo também para o http://versoseacordes.com e para o site www.elianebrasil.com.br. Quem quiser me visitar em outras prais, fique à vontade. Alguns textos naturalmente se repetirão.

Hoje vou colocar um pequeno texto feito em fevereiro, após o Carnava.

ENREDO - SAMBA

Saí da floresta amazônica para conhecer o mundo. Estava semi-nua sim, pois minha tribo ainda não conhecia a civilização. Era um domingo e me lembro do espanto com que algumas pessoas me olhavam. A partir de um certo ponto, porém, já não ligavam mais para mim. Havia gente mais bonita do que eu, com menos roupa do que eu, e quantas luzes ...
Cansada, entrei em um navio com destino à Espanha e adormeci. Acordei na segunda-feira em um lugar exótico, touros correndo pelas ruas e monstruosos seres humanos tentando matá-los. O que aliviou minha tensão foi um grupo de dançarinas de cabelos negros, iguais aos meus, vestidas de vermelho e preto, com sapatos que batiam forte no chão e torcendo nas mãos algo que me pareciam cigarras a cantar. Que alegre visão!
A multidão me empurrava e eu me deixava levar, sem destino. Pois foi assim que, na terça-feira, cheguei à Cote D´Azur, na Riviera Francesa. Na pequena cidade à beira-mar que me acolheu, fiquei surpresa com a quantidade de pessoas diferentes de mim que andavam de um lado para o outro na Croisette. Vários cartazes mostravam figuras de bichos, monstros, gente, flores ... Isto sem falar dos carros alegóricos, que eram a mais perfeita descrição do deslumbramento.
Pulei, dancei, cantei e, novamente exausta, adormeci entre um africano e um toureiro. No dia seguinte, acordei atônita. O ar estava parado, a alegria – congelada; a luz do sol me ofuscava.
- Onde estou? perguntei a mim mesma.
Só então me dei conta da triste realidade: era quarta-feira de cinzas.

2 comentários:

Beth/Lilás disse...

Querida Sylvinha!
Este seu texto parece um sonho de carnaval, ou quando a gente, insone nesses dias de Momo, fica olhando a TV e vendo passar num desfile interminável, tantas caras, fantasias, loucuras, belezas e monstruosidades.
Muito legal!
Bjks

Unknown disse...

Oi, amiga!

Sonho, fantasia, devaneio.
Seu texto é o delírio do Carnaval
na
sua melhor expressão poética.
Bjs,Leila.